Tudo, absolutamente tudo muda com a chegada de um novo bebê, os hormônios ficam loucos, e a mãe mais sensível e vulnerável. Mas como distinguir o que é normal e o que é depressão pós-parto?
A nossa colunista Jacqueline Amorim, é psicóloga e trabalha com gestantes e bebês de 0 a 3 anos em consultório particular e no Centro pais-bebê da UFRGS, além de escrever para o blog Crescer Psicologia, fala um pouco desse assunto pra gente. Confere aqui:
O texto de hoje é sobre depressão pós-parto (DPP). Um assunto que está bastante em voga, mas que é permeado de tabus, de dúvidas e, infelizmente, de muitos preconceitos.
Alguns dados estatísticos. A DPP atinge cerca de 10 a 15% das mulheres pelo mundo, sendo que no Brasil a incidência é ainda maior: pesquisas apontam que esse quadro chega a afetar 3 em cada 10 mulheres.
É uma prevalência bastante alta, mas, ainda assim, bem mais da metade dessas mulheres não chega a ter acesso a um tratamento adequado. Poucas recebem o diagnóstico. Já se sabe que a DPP prejudica não só a saúde da mãe, como também o desenvolvimento do bebê, pois afeta o vínculo e a interação entre a dupla. Por isso tenho percebido a ânsia de se falar sobre o assunto nos últimos tempos. Estamos nos dando conta que muitas mulheres não estão sendo ajudadas quando deveriam ser, portanto, muitos bebês também deixando de ser ajudados.
Fique atenta.
A DPP pode se instalar lentamente, podendo já dar alguns indícios ainda na gravidez. Algumas situações, nas quais a gestante se sente só e desprotegida, podem favorecer para que o quadro vá se agravando, como: não ter uma rede de apoio para contar; falta de apoio e problemas no relacionamento com o pai do bebê; dificuldades anteriores para engravidar ou complicações em gestações anteriores; perda gestacional; história familiar de violência, negligência ou histórico de depressão e outros transtornos psíquicos na família; gravidez não desejada ou altamente idealizada; situações atuais estressantes, como financeira, trabalho, família, etc. Continuar lendo